sábado, 26 de maio de 2012

Amarelo

Um sonho grande em um quarto pequeno, com dois corpos reluzindo amor a luz de velas. Em um canto que juntos chamam de lar. Todos os sentimentos fluem a flor da pele. Unidos, eles transbordam. Constroem a cada dia que se passa algo que acreditam ser eterno. Ela o colore de verde e ele a preenche de vermelho. E assim eles vivem em um mundo de infinitos amarelos, onde tornam tudo possível. Todo dia eles pegam o que é verdadeiro e pregam em um mural, para não se deixarem confundir. Eles são avoados, mas andam conectados entre si. Quando se perdem, um fio os traz de volta. Porém, esse fio nao os prende, apenas indica um caminho. Lá não tem dinheiro nem luxúria. Existe apenas algumas velas, garfos, chocolates e um panela de fondue. Para os outros é apenas um rastro de lixo. Para eles, um tesouro. O amor.

terça-feira, 24 de abril de 2012

(A)maze


Perto, muito perto para eu poder evitar. Giro, suo, me contorço. Dor demais para eu conseguir seguir.  Sentimentos demais para eu conseguir sentir. Te empurro, te afasto, te abraço. É o nosso carma ou o nosso laço. Pensamentos demais para eu conseguir decidir. Palavras demais para eu conseguir fluir. Te odeio, despedaço, prendo em meus passos, pois não sei para onde seguir. Nesse desconexo, complexo, nosso jeito de agir. 

sábado, 10 de março de 2012

       Silencioso, ele me pede para entrar. Me bate à porta, como um aviso. Ele já está lá. Espaçoso, ele me sorri da sala. Está quente, frio. Um pavor me consome, mas seus olhos não me deixam gritar. Curioso, ele se aproxima. Me seduz com o seu calor, sua dança, seu silencio promissor. Da ultima vez em que foi embora, me levou tudo, até as cores. Só me restou o vazio.

       Sinto raiva. Quem ele pensa que é? Chega em minha casa assim, dizendo que vai ficar. Pego suas roupas e as jogo pela janela em uma tentativa frustrada de abala-lo. Em troca ele me envolve em seus braços e diz que nada posso fazer para isso mudar. Me enche o coração de antigas promessas e diz que dessa vez cumprirá. Eu o empurro e grito, mas já não sei mais o que eu quero afastar.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

No meio do caminho tinha uma pedra.


Acordei, olhei para o relógio e vi que ainda não estava na hora de acordar. Na verdade, tive a sensação de que hoje não era dia de acordar. Fechei os olhos de novo e pensei nos problemas que eu tinha para resolver ao longo do dia. Rolei para um lado, rolei para o outro, abri os olhos novamente. Merda. Peguei o telefone, liguei para a minha mãe e resolvi o primeiro problema. Mas foi só eu desligar o telefone para perceber que tinha resolvido um e arrumado outro bem maior. O cachorro, ela vai dar o cachorro. Puta que pariu. Após alguns segundos de aflição, decidi que essa não era a melhor hora para pensar nisso.

Dinheiro. Tenho quarenta reais na minha conta até o mês que vêm. Preciso comprar dois presentes de natal, pegar ônibus para ir e voltar do estágio, comer  e manter minha vida social. Eu nunca fui muito supersticiosa , mas parece que esse tal de "inferno astral" existe mesmo e resolveu me aparecer com duas semanas de antecedência. Ouvi um barulho de chave na porta, era meu pai. Entrou e me olhou com aquela cara de mal humor de segunda feira. De muita má vontade e depois de eu fazer um puta drama, ele me deixou cinquenta reais em cima da mesa e me mandou sair de casa. Disse algo a ver com ficar doente, estar pálida e sol. Não precisei pensar muito para realizar que aquela não era a frase de apoio que eu precisava ouvir.

Peguei a bicicleta e fui dar uma volta pela lagoa. Me perguntei o que me faria feliz naquele momento e me senti um pouco frustrada por não saber a resposta. Pensei em assaltar um ônibus para conseguir dinheiro para o resto do mês, mas a idéia me fez rir e desequilibrar na bicicleta. Já furtar dinheiro da carteira do meu pai enquanto ele dorme não me pareceu ser uma idéia tão ruim assim. Me repreendi por esse pensamento e tentei me concentrar no caminho. A pista está toda esburacada e faz um calor desértico, estou encharcada de suor. Tá ruim, mas podia ser pior. Eu acho.

Voltei pra casa, tomei um banho e peguei um ônibus para ir ao cinema. Vi um filme chamado: Adeus, meu primeiro amor. A mulher do caixa ficou com cinco reais do meu troco, mas só percebi isso na hora de pagar a pipoca. Não sou muquirana e não costumo ficar irritada com essas coisas, mas era o dinheiro de um dia de ônibus. O filme se passa todo na França e a personagem principal se chama Camille. Ela se parece comigo e a história do filme me lembrou muito um relacionamento que tive, claro que chorei.
Sentei no ônibus, bem na janela. Me arrependi de ter comprado a pipoca, grande. Mas essa mania americana de colocar a diferença de dois reais entre o pequeno e o gigante sempre me ganha, me sinto esperta fazendo isso. Gorda. Na hora de saltar do ponto ouvi um barulho. Será que era o meu Ipod? Olhei pro chão, não.. não devia ser. Lá fora eu olho na minha bolsa, pensei.

Corri, mas corri muito. Quase joguei na pista um senhor que andava de bengala. Atravessei ,por entre os carros, um sinal verde e ouvi um barulho horrível de freio ao meu lado, mas não desanimei. Ele parou no outro ponto e eu continuei para tentar alcançar.Tenho merda na cabeça, só pode. Com as pernas tremulas e desacreditada, sentei na calçada. Um homem parou ao meu lado, me olhou com um ar preocupado e seguiu seu caminho. Chorei. De raiva, cansaço, vazio. E chorei mais um pouco só por estar chorando. Parei e fiquei um tempo olhando para os carros. As vezes, sem perceber, a gente vai guardando os problemas dentro de um buraco e quando nos damos conta, estamos cheios de nada. Que nem ter uma caixa grande e bonita, carregar ela para todos os lugares e colocar lá dentro todas as contas que você não tem como pagar. Um dia não vai ter mais espaço para colocar coisas dentro e o que está lá, não te serve. E as contas, todas essas a gente vai ter que pagar, mesmo que não tenha data marcada. Um dia o tempo nos encontra na esquina para cobrar. Só cuidado com o juros, esse sempre nos pega de surpresa.

sábado, 20 de agosto de 2011

Amor clandestino.

Dormi para ter um pouco de paz. Tentar não lembrar o que está faltando, consome uma grande parte da minha energia. O celular tocou e era você, dizendo que precisava me ver, no mesmo lugar de sempre. O pôr do sol estava lindo. Meu coração acelerou quando te vi, meus olhos encheram-se de lágrimas. Como pude acreditar que te esqueci?



Tirou uma rosa das costas, como num passe de mágica, e eu sorri. O beijo ainda tem o mesmo gosto adocicado de antes. Seu perfume me arrepia o corpo e bagunça minha mente. Sempre odiei me sentir assim, indefesa. Tentei várias vezes fugir, mas meu ‘’adeus’’ nunca passou de um até logo. Como sou boba. Você encaixou seu corpo no meu e olhando em meus olhos disse que nunca me esqueceu, nem por um segundo. Nossos planos de casar na praia, fugir para grécia, ter 10 filhos e nunca nos separarmos ainda estavam de pé. É adoravelmente engraçado ouvir isso sair da sua boca. Um beijo na testa me pegou de surpresa e veio acompanhado de um “eu te amo”. Sua mão percorreu meu corpo e eu estremeci. Nos perguntamos como conseguimos ficar tanto tempo longe. Fechei os olhos e se fez silêncio por alguns segundos. É amor, a gente sabe quando é, não sabe?


Você se ajoelhou de uma forma que eu já tinha visto uma vez, há muito tempo atrás, e com os olhos brilhando, tirou um anel do bolso. “ Sou um bobo e estou longe de ser perfeito, mas já tentei viver sem você e não consigo. Quero pra sempre poder acordar ao seu lado e sentir o seu cheiro, ouvir sua risada e espantar os seus medos. Tentar um dia retribuir todo o bem que você me faz. Prometo ser seu todos os dias e noites, enquanto eu viver.”. Chegou bem perto do meu ouvido e repetiu “eu te amo” mais uma vez. Senti sua falta.


Abri os olhos cheios de lágrimas, olhei ao redor do quarto, já era noite e você não estava mais lá.

Camille R. Valbusa.

"A inutilidade da tentativa era patente; quando uma pessoa se esforça muito para esquecer alguém, o próprio esforço se torna uma lembrança. Então tem de esquecer o ato de esquecer, e isso também é memorável" - Steve Toltz.

Uma fração do todo.


Quando entrei em casa, ela estava sentada no sofa, me olhando com um ar curioso. O brilho dos seus olhos fez doer o vazio presente em mim. Já fazem nove dias. De medo, dúvidas, dores, lágrimas e saudades.  Saudade daquele coração que um dia pude ouvir bater... mesmo que por uma fração de segundos. Saudade  do rosto que nunca vi, do amor que não pude dar. O mesmo amor que vi no sorriso daquela menina.  Aquela que podia ser minha. Podia ser sua. Podia ser a nossa .

segunda-feira, 11 de julho de 2011